A prisão de ventre em bebês pode ocasionar um grande desconforto nos pequenos.
Afinal, se nos adultos o excesso de gases e dificuldade para evacuar bagunçam a rotina, em crianças pode ser motivo de muito choro — para desespero dos pais.¹
Também conhecida como constipação intestinal ou intestino preso, a prisão de ventre é a dificuldade para evacuar ou a excreção de fezes duras e ressecadas, que necessitam de esforço além do normal para serem eliminadas.
Neste artigo, abordaremos as principais causas da prisão de ventre em bebês e o que pode ser feito para eliminar o problema de intestino preso.
Sintomas de prisão de ventre em bebês²
● Demora para iniciar a evacuação
● Dor ao evacuar
● Esforço ao defecar
● Presença de sangramento
Os sintomas de prisão de ventre não devem ser utilizados para diagnóstico. Se você suspeitar que o seu bebê está constipado, é importante procurar orientação médica para tratamento adequado.
Como detectar problema de intestino preso em bebê²
O diagnóstico de prisão de ventre em bebês é feito pelo médico, mas é importante que os pais e responsáveis estejam atentos aos sinais de que a criança sofre com esse desconforto. Veja as dicas!
Quando o bebê chora muito na hora de defecar é um sinal de alerta²
Um dos sinais de alerta para prisão de ventre em bebês é a criança apresentar pelo menos 10 minutos de tensão e choro antes da evacuação.
É comum que o pequeno chore por diversos outros motivos, mas a constipação intestinal deve ser considerada quando outros fatores são descartados pelo pediatra.
Bebê com cólica pode ser indício de constipação intestinal³
A constipação intestinal pode ter a cólica como sintoma importante, associada a dificuldade para evacuar.
Choro excessivo e intenso, além de irritabilidade sem qualquer causa aparente (fome, doença, por exemplo) são sinais de que a criança está com cólica³ de acordo com os médicos.
Observe a frequência de evacuação do bebê⁴
Um dos indícios de prisão de ventre infantil é quando o bebê não defeca todos os dias, apesar de não haver uma definição única de quantas vezes a criança deve evacuar⁴. No entanto, há algumas dicas de profissionais de saúde que podem ajudar na hora de analisar o funcionamento do intestino do bebê.
Em crianças em aleitamento misto ou em uso exclusivo de fórmulas infantis, as fezes costumam ser mais ressecadas e o ritmo intestinal tem intervalo maior, mesmo em bebês pequenos.
A maioria dos bebês, após as 6 primeiras semanas de vida, tem 3 evacuações pelo menos uma vez a cada 3 dias⁴. Isso porque o bebê é alimentado exclusivamente com o leite materno, que oferece nutrientes suficientes para evitar a prisão de ventre.
Além disso, bebês em aleitamento materno exclusivo podem evacuar a cada mamada⁵ ou passar de 5 a 7 dias sem evacuar e o cocô de bebê pode variar de líquido a pastoso, ou seja, a consistência das fezes e a frequência da evacuação são variáveis de acordo
com cada criança, faixa de idade e padrão de alimentação, segundo especialistas.
Note se a criança faz força ao evacuar⁶
Fezes duras e ressecadas é o sinal mais comum de constipação intestinal. Por isso, o bebê pode ter dificuldade em evacuar, precisando se esforçar muito para se sentir aliviado. É nesse momento que ele pode, por exemplo, chorar e ficar irritado.
É normal o bebê (principalmente com menos de 3 meses de vida) fazer esforço e ficar vermelho no momento em que está evacuando de acordo com os pediatras. Isso não quer dizer que ele sente dor ao evacuar, mas é importante avaliar se a criança demonstra outros sinais de prisão de ventre.
Observe se o bebê dá sinais de que está fazendo força, mas não há fezes na fralda⁶
Mesmo que o bebê faça bastante esforço, pode não conseguir eliminar as fezes — normalmente ressecadas por falta de absorção de água, por isso, é importante verificar se há presença de cocô e/ou sangue (tanto na fralda quanto nas fezes).
O sangramento aparece na introdução alimentar do bebê como um dos primeiros sinais de alergia à proteína do leite de vaca⁶.
Já em crianças maiores, o sangramento pode ser resultado de fissuras anais causadas pela evacuação de fezes duras. Em todo caso, é importante entrar em contato com o pediatra para descartar problemas mais graves.
Observe o aspecto das fezes do bebê⁵
Fezes amolecidas são sinais de bom funcionamento do intestino, afinal, significa que a hidratação e absorção dos nutrientes está em dia, segundo os pediatras.
Por isso, não é normal apresentar fezes duras (principalmente pequenos bolos fecais que lembram uma bolinha ou muitas bolinhas juntas) e ressecadas quando a criança se alimenta apenas de leite materno⁵.
No entanto, é importante considerar também que bebês alimentados por fórmulas infantis tendem a ter fezes mais ressecadas e duras⁵ quando comparados às crianças que se alimentam apenas de leite materno. Esse fator precisa ser considerado na hora de avaliar a aparência do cocô de bebê.
O que pode causar a constipação em bebês?⁷
Para os médicos, a causa da prisão de ventre em bebê são fatores não orgânicos, ou seja, que não fazem parte do funcionamento normal do organismo da criança.
Segundo os pediatras, o primeiro ano de vida do bebê é repleto de mudanças que podem impactar no bom funcionamento do intestino como, por exemplo, a introdução alimentar e desfralde. Entenda a seguir!
Introdução alimentar¹⁵
A introdução alimentar acontece aos 6 meses de vida, momento no qual a criança deixa de se nutrir exclusivamente por leite materno. Entretanto, alguns alimentos utilizados nessa etapa podem causar prisão de ventre em bebês.
Além disso, a constipação infantil na fase da introdução alimentar pode acontecer devido à dieta com baixo teor de líquidos e/ou fibras presente em frutas e verduras, de acordo com profissionais de saúde.
Caso os sintomas de prisão de ventre tenham aparecido após consumo de trigo, é importante levar a criança ao gastroenterologista para que ele possa avaliar se ela tem intolerância ao consumo de glúten.
Na hora do preparo, a recomendação médica é optar por temperos naturais sem o uso de sal e retardar ao máximo a introdução de açúcares (de preferência somente depois dos 2 anos).
De acordo com os pediatras, é comum que nessa fase da infância haja um período de adaptação do organismo aos alimentos sólidos, por isso os pais não devem se assustar com fezes muito duras ou muito moles. Ou seja, só é um problema se o quadro
persistir ou for acompanhado com outros sinais de alerta.
Desfralde do bebê⁸
Geralmente, o desfralde começa entre 2 e 3 anos, mas pode variar de criança para criança. Tanto o início precoce quanto o atraso neste processo podem ter consequências negativas segundo os profissionais de pediatria.
Eles também afirmam que a retirada inadequada da fralda pode causar prisão de ventre, por isso a família precisa estar atenta se a criança teve sintomas de intestino preso com o início do uso do banheiro.
Neste processo, é recomendado aos pais que conversem sinceramente com o pequeno para que comecem a reconhecer os sinais do corpo e sinalizem quando está com vontade de evacuar.
Especialistas em saúde infantil alertam que quando expostos a broncas e castigos em função dos naturais “escapes”, muitas crianças ficam constrangidas e se prendem, seguram ao máximo, se recusam a ir ao banheiro ou até mesmo apresentam medo do
vaso sanitário.
O que fazer quando o bebê está com dificuldade para defecar?⁹
A prisão de ventre em bebês não costuma causar riscos, porém, é importante que a família esteja atenta aos sinais de alerta de que algo mais grave acontece. Nesse caso, é importante buscar atendimento médico, caso a criança apresente:
- Falta de evacuação nas primeiras 24 a 48 horas após o nascimento
- Perda de peso ou crescimento ruim
- Redução do apetite Sangue nas fezes
- Febre
- Vômitos
- Inchaço na barriga
- Dores abdominais
- Nos bebês, perda do tônus muscular (a criança parece flácida ou fraca)
- Redução da capacidade de sugar
A alimentação da mãe também deve ser saudável
De acordo com os médicos, em bebês que estejam se alimentando apenas com leite materno, é importante que a mãe reveja sua dieta para incluir mais fibras.
Com o aleitamento exclusivo até os 6 meses, todas as atenções devem ser voltadas para a riqueza nutricional do leite produzido.
Nesse caso, segundo profissionais de saúde, a mãe deve perceber como se alimenta e com que frequência bebe água e outros líquidos. E, claro, como está sua saúde intestinal.
O que é bom para soltar o intestino do bebê?
Um estudo relatou que as crianças constipadas bebiam menos água, consumiam menos vegetais, legumes e frutas, do que as crianças que não tinham problema de intestino preso¹.
Por isso, ter uma dieta saudável e evitar o consumo de alimentos que podem causar constipação é importante para prevenir ou diminuir casos de prisão de ventre em bebês.
A depender da idade da criança, os seguintes alimentos que soltam o intestino podem ser incluídos ou aumentados na alimentação¹⁰.
- Feijão
- Ervilha
- Lentilha
- Grão de bico
- Milho
- Pipoca
- Coco
- Verduras
- Frutas in natura e secas
- Aveia em flocos
- Ameixa preta
- Frutas com casca e bagaço
- Cereais integrais¹¹ (arroz integral, pão integral, centeio, aveia, sementes de linhaça, farelo de aveia e trigo)
Nesse caso, após os 6 meses, a alimentação complementar e a hidratação serão importantes no ritmo das evacuações de acordo com os médicos. É importante também que a dieta seja livre de produtos ultraprocessados, que podem agravar ou prejudicar o
consumo diário de fibras¹¹.
Massagens para aliviar os gases em bebês¹²
Em casos leves, uma simples massagem para aliviar a prisão de ventre no bebê pode melhorar os desconfortos do excesso de gases. Vale ressaltar que essa medida não exclui o acompanhamento médico para avaliar se o problema é algo mais grave.
Todos os movimentos da massagem para gases devem ser feitos de forma leve e suave para não machucar a criança. Se o bebê estiver agitado, experimente dar um brinquedinho para ele durante o procedimento.
A massagem ajuda o bebê a relaxar, e reduz as cólicas, além de contribuir na diminuição de gases intestinais, segundo profissionais de saúde.
Como fazer o bebê soltar gases¹³
- Prepare corretamente a fórmula infantil caso o bebê não seja alimentado exclusivamente com leite materno
- Aumentar o consumo de água do bebê
- Dieta com alimentos que soltam o intestino
Tratamento para prisão de ventre em bebê (constipação intestinal)
O tratamento para prisão de ventre em bebê depende da causa e deve ser orientado pelo pediatra. Por exemplo, a alimentação pode ser corrigida com alimentos ricos em fibra e dieta sem produtos que aumentam as chances da constipação infantil segundo especialistas em nutrição¹⁰˒¹¹.
Em alguns casos, pode ser recomendado pelo pediatra o uso de laxantes aptos para o uso pediátrico, como o laxante de lactulose¹⁴.
Laxante de lactulose pode ser recomendado pelo pediatra
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o laxante para intestino preso de lactulose pode ser usado em alguns casos de constipação intestinal em bebês². A substância, sozinha ou combinada, pode aumentar a motilidade intestinal e facilitar a eliminação das fezes.
A molécula da lactulose age no organismo tornando as fezes mais moles. Isso é feito através da retenção de água no intestino grosso, restabelecendo o funcionamento regular do órgão com o acúmulo de líquido no bolo fecal¹⁴.
No entanto, as doses e frequências do consumo de lactulose devem seguir a bula do medicamento e em caso de dúvidas é importante buscar um médico ou farmacêutico (mesmo que o produto não precise de receita para a compra na farmácia).
Caso esses tratamentos sejam ineficazes, os pequenos podem precisar ser hospitalizados, mas isso vai depender da análise médica.
De qualquer forma, se você estiver acompanhando algum bebê ou criança que sofre de constipação intestinal, não hesite em procurar ajuda profissional. Em geral, para os pequeninos, um pediatra pode ser suficiente para solucionar de vez a questão e fazer a paz reinar no banheiro da sua casa.
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Referências:
1. Manual MSD. Constipação em crianças. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/sintomas-em-lactentes-e-crian%C3%A7as/constipa%C3%A7%C3%A3o-em-crian%C3%A7as?query=constipa%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 12 de julho de 2023.
2. Nestlé Nutrition Institute. Constipação Intestinal Crônica na criança e no adolescente: Considerações sobre Classificação, Características Clínicas, Diagnóstico e Tratamento. Temas de Pediatria Número 87. p 1 a 32. Disponível em:
http://wwws.sbp.com.br/sbpciencia/files/_pdf/constipacao_intestinal.pdf. Acesso em: 12 de julho de 2023.
3. Sociedade de Pediatria de São Paulo. MOMENTO SAÚDE: QUANDO NÃO SE TRATAR DA CLÁSSICA CÓLICA DO LACTENTE. Disponível em:https://www.spsp.org.br/2018/05/09/momento-saude-quando-nao-se-tratar-da-classica-c
olica-do-lactente/. Acesso em: 12 de julho de 2023.
4.BVS Atenção Primária em Saúde. Qual a frequência normal de evacuações em um bebê de dois meses? Disponível em:
https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-a-frequencia-normal-de-evacuacoes-em-um-bebe-de-doismeses/. Acesso em: 12 de julho de 2023.
5. Sociedade de Pediatria de São Paulo. O BEBÊ E A ELIMINAÇÃO DE FEZES (EVACUAÇÕES). Disponível em:
https://www.spsp.org.br/2014/01/15/o-bebe-e-a-eliminacao-de-fezes-evacuacoes/. Acesso em: 12 de julho de 2023.
6.RAMOS, Ana R. L.; PINTO, R. B.; SANFELICE,F. S. Constipação crônica funcional: como o pediatra deve manejar. p1 a 4. Disponível em: https://www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/190521112509Artigo_Constipacao_cronica_fun cional.pdf. Acesso em: 12 de julho de 2023.
7. BVS Atenção Primária em Saúde. O que é considerado constipação no lactente e como abordar? Disponível em: https://aps-repo.bvs.br/aps/o-que-e-considerado-constipacao-no-lactente-e-como-abordar/#:~:text=A%20causa%20mais%20frequente%20de,hist%C3%B3ria%20e%20no%20exame% 20f%C3%ADsico. Acesso em: 12 de julho de 2023.
8. Sociedade de Pediatria de São Paulo. Dicas para um desfralde bem-sucedido. Disponível em: https://www.spsp.org.br/2021/11/24/dicas-para-o-desfralde-bem-sucedido/. Acesso em: 12 de julho de 2023.
9- COMAS Vives, A., e I. POLANCO Allué. “Estudio caso-control de los factores de riesgo asociados al estreñimiento. Estudio FREI”. Anales de Pediatría. 2005. 62:340-5. .Disponível em: https://www.analesdepediatria.org/es-estudio-caso-control-los-factores-riesgo-articulo-13073247. Acesso em: 13 de julho de 2023.
10. MORAIS, M.B., MAFFEI, H.V.L.Constipação Intestinal: artigo de revisão. Jornal de Pediatria. Disponível em: https://web.archive.org/web/20180720230536id_/http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-S1 47/port.pdf. Acesso em: 12 de julho de 2023.
11. Biblioteca Virtual em Saúde. Constipação intestinal. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/constipacao-intestinal/. Acesso em: 12 de julho de 2023.
12. Ramos, E.M; Silva, L.F; Cursino, E.G; Machado, M.E.D; Ferreira D.S.P. et al (2014) O uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos, Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2014 mar/abr; 22(2):245-50. Acesso em: 12 de julho de 2023.
13. Tua Saúde. 6 dicas simples para aliviar os gases do bebê. Disponível em: https://www.tuasaude.com/5-dicas-para-aliviar-os-gases-do-bebe/. Acesso em: 12 de julho de 2023.
14. Bula de Lactulona. Acesso em: 12 de julho de 2023.
15. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_crianca_brasileira_versao_resu
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